Foz do Iguaçu atrai visitantes e a atenção de todo o mundo devido à sua natureza exuberante e, dentro deste contexto, a cidade se destaca no Brasil por ser a única a possuir três instituições dedicadas ao manejo e cuidados com a fauna. Nelas, os animais selvagens encontram refúgio e ajudam na conservação de suas espécies no ambiente natural, seja por meio de programas de reprodução ou pelas atividades de educação e conscientização dos visitantes. Estima-se que 1 milhão de pessoas visitem essas instituições em Foz do Iguaçu a cada ano e carreguem consigo a mensagem de que precisamos construir um mundo melhor para todas as formas de vida.
Uma dessas instituições está completando um ano de existência. Trata-se do Ecopark. Sua origem remonta, na verdade, há muito mais tempo, quando o paulistano Leandro Mautone emigrou para a Itália. Lá, passou 15 anos trabalhando em instituições renomadas, como o Parque Oltremare e o Aquário de Gênova, e onde aprendeu as técnicas da falcoaria. Esta é uma arte milenar que estimula a parceria entre ser humano e aves de rapina, sendo reconhecida como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 2010. De volta ao Brasil em 2017, Leandro foi trabalhar no Zoológico do Rio de Janeiro, que então procurava implementar a falcoaria para melhorar os cuidados com as aves, fornecer novas experiências educacionais e controlar animais sinantrópicos.
O trabalho no Rio de Janeiro rendeu boas experiências e frutos, possibilitando conhecer os estudantes de biologia Bruno Nogueira e Larissa Vasconcelos. Bruno e Larissa, como estagiários, aprenderam todas as técnicas de falcoaria com Leandro. Mas faltava algo. Leandro ainda almejava criar algo que possibilitasse não só divulgar a falcoaria no Brasil, mas, também, aumentar a conexão das pessoas com as aves de rapina. Após dois anos e meio em terras cariocas, era o momento de alçar novos voos.
Leandro e Bruno com equipamentos de falcoaria no Zoológico do Rio de Janeiro.
Bruno treina um gavião-asa-de-telha no Zoológico do Rio de Janeiro.
Abrindo as asas em Foz do Iguaçu
Em 2019, Leandro e os agora biólogos Bruno e Larissa fundam um Centro de Falcoaria em Foz do Iguaçu, localizado na rua Silmar Benitez. Eram apenas os três como funcionários para executarem as atividades na instituição, que incluíam não só cuidar de corujas, falcões, gaviões e urubus, mas igualmente fazer demonstrações de treino desses animais para os visitantes que chegavam. Esse treino é uma parte fundamental da rotina das aves, estimulando comportamentos naturais e ajudando na reabilitação daquelas que foram resgatadas de acidentes ou maus-tratos.
O Centro de Falcoaria se estabeleceu como instituição conhecida e respeitada na cidade. Contudo, o terreno na Silmar Benitez foi ficando pequeno para abrigar as aves que chegavam precisando de atendimento e logo se viu que uma expansão era necessária para prestar um serviço melhor aos animais. Assim, em 2021, Leandro iniciou uma parceria societária com o Grupo Dreams, que buscava concretizar sua missão socioambiental.
Atendimento aos visitantes nas instalações da rua Silmar Benitez.
Bruno conduz uma demonstração de voo para visitantes nas instalações da rua Silmar Benitez.
A parceria com o Grupo Dreams fez o Centro de Falcoaria mudar de local e evoluir para se tornar o Ecopark, inaugurado em dezembro de 2022. Sua missão também cresceu. Agora, não é apenas um centro para tratamento e reabilitação de aves de rapina e divulgação da falcoaria, mas uma instituição dedicada a contar a história da relação da humanidade com os animais. O Ecopark criou uma fazendinha com animais domésticos e um viveiro de imersão para ser um novo lar de aves e répteis que sofreram em mãos humanas devido a maus-tratos. 102 animais foram encaminhados ao Ecopark pelo Instituto Água e Terra do Paraná apenas durante o primeiro ano.
Os visitantes são convidados a conhecer esse trabalho por meio da interação controlada com os animais na fazendinha e ao assistir as demonstrações de exercícios do cavalo crioulo, uma raça típica do Brasil, e o voo das aves de rapina. Esta demonstração se baseia nas apresentações desenvolvidas pelo Leandro na Europa e é a única do seu tipo, até o momento, na América do Sul. O voo das aves de rapina ocorre todos os dias às 10h30 e 16h00.
Visitantes acariciam um mini-porco na Fazendinha do Ecopark.
Crianças interagem com coelhos na Fazendinha do Ecopark.
Visitantes interagem com cavalos e seus cuidadores no Ecopark.
Demonstração do voo das aves de rapina no Ecopark.
Celebrar para ir além pela natureza
Esse propósito de mostrar a relação da humanidade com os animais conduziu ao compromisso maior de agir em prol da conservação das espécies e seus ambientes naturais. O Ecopark se orgulha de completar seu primeiro aniversário sendo parceiro do Projeto Onças do Iguaçu, que estuda e promove a convivência pacífica entre seres humanos e esses felinos na região. Isso é algo fundamental, visto que a maior população de onças-pintadas na Mata Atlântica, cerca de 95 animais, está no Parque Nacional de Iguaçu. Um dos grandes problemas que a onça-pintada enfrenta é a caça por retaliação de ataques às criações de fazendas e sítios. Como forma de prevenir essas situações, o Ecopark e o Onças do Iguaçu lançaram o programa “Ciscando o Futuro” para a construção de galinheiros à prova de predação. Esses galinheiros garantem uma criação segura, sem risco de conflito com as onças e agregam valor aos ovos produzidos, que são divulgados como produtos “Amigos da Onça” pelo projeto. A primeira estrutura desse tipo foi inaugurada em 8 de novembro, na cidade de Matelândia.
Equipe do Ecopark na entrega do primeiro galinheiro do programa “Ciscando o Futuro”.
O compromisso em construir um mundo melhor para todas as formas de vida leva o Ecopark a celebrar seu aniversário no dia 4 de dezembro, data consagrada como o Dia Mundial da Conservação da Vida Selvagem. Os primeiros 100 visitantes a chegarem ao parque nesse dia ganharão um brinde muito especial e bem natural, e, ao longo da semana, haverá uma série de atividades interativas com os animais, desde alimentação até oficinas de enriquecimento ambiental. Este, contudo, não é um momento apenas para festa. O Ecopark também pretende refletir sobre como pode fazer mais pelos animais e pelas pessoas. Esta é a razão da instituição estar dialogando com especialistas em zoológicos e pesquisadores nos Estados Unidos, Austrália, México e Brasil para desenvolver aquela que, certamente, será a próxima geração de instalações para cuidados com macacos no país. A Floresta dos Primatas, como será chamada, está sendo desenvolvida para ser um ambiente dos animais, pelos animais e para os animais. Nela, as pessoas serão convidadas da mesma forma que fazem uma trilha na Mata Atlântica ou Floresta Amazônica. “Queremos ser uma instituição de renome não apenas nacional, mas no continente americano. Comemoramos um ano de existência cientes de que ainda há muito trabalho a ser feito e uma responsabilidade enorme pela frente. Precisamos fazer mais tanto para ajudar os animais quanto para reconectar as pessoas à natureza”, declara Leandro.
Divulgação da futura “Floresta dos Primatas” no Ecopark.
O Ecopark está localizado na rua Cruz Alta, 111, atrás do complexo Dreams Park Show e pode ser visitado das 9h00 às 17h30. A última entrada de visitantes é às 17h00. O ingresso custa R$ 70,00 por pessoa com preço promocional de R$ 15,00 para moradores de Foz do Iguaçu. Este valor promocional é concedido mediante a apresentação de um comprovante de residência e um documento com foto. Crianças de zero a cinco anos têm entrada gratuita.